19 de maio de 2013

Way back home

Eu, particularmente, penso que lar é aquele lugar onde a gente se sente bem, onde a gente se sente livre, apesar das paredes que existem em volta. Pelo menos para mim, depois de uma certa época, lar passou a representar isso.
Mas, nem todo lar tem paredes. Muitos de nós, ou nossos pais e avós, já passaram pela experiência de ampliar o círculo semântico daquilo que pode ser entendido como “lar”. Os migrantes que o digam!
Sou natural de uma cidade constituída essencialmente de migrantes, muitos vindos das Minas Gerais, que foram para lá em busca de boas oportunidades de emprego e guiados pela crença numa vida próspera. A cidade é Volta Redonda, interior do Rio de Janeiro.
Minha família foi para Volta Redonda vinda de outra cidade do interior, Paraíba do Sul. E sempre, ou quase sempre, durante minha infância, meus pais voltavam àquela cidade nos finais de semana para que eu e minha irmã nos reencontrássemos com nossa avó e primos. Para mim, era passeio. Para mamãe, waybackhome. Claro que só fui entender isso melhor quando eu saí de casa. Primeiro, para fazer uma faculdade de arquitetura em Seropédica; depois, para sonhar em fazer livros na UFRJ.
Na Rural (Seropédica), estudei com gente de vários lugares, cada um com um waybackhome diferente. Alguns com waybackhomes tão distantes que justificava criar outros waybackhomes paliativos para compensar. Já na capital, algumas vezes parecia que apenas eu tinha um waybackhome.
Conheci muita gente boa no Rio de Janeiro e fiz amigos incríveis, desses pra vida toda, mas a cidade, apesar de todas as vantagens e oportunidades (em vários sentidos), dificilmente me fará ter esse sentimento de lar um dia. Não é algo contra o Rio, seria assim em São Paulo ou em outro lugar também.
Mas creio que o sentido de lar ainda seja maior que o de uma cidade. Sentir-se em casa, penso eu, tem a ver com sentir-se bem sendo quem você é, estando como/onde gosta de estar e fazendo o que te faz feliz. Sentir-se em casa é um estado agradável de si. Estar no seu lar interior. O que eu escrevo agora não tem mais relação com geografia, é uma questão diferente.
Agir de acordo com a sua ideologia, refletir seus sonhos na luta diária da vida, disseminar o que pode fazer os outros felizes, ser sincero com todos os seus sentimentos (os bons e os ruins): isso é estar em casa! É estar dentro de você mesmo e abrir as portas para transparecer isso para o mundo.
Em casa, somos o clichê de ser nós mesmos. Somos honestidade. E quando nosso lar passa a ser compreendido além de umas paredes de alvenaria, podemos abrigar tudo o que nos faz felizes... dentro do peito.
Eu to voltando pra casa outra vez!
E ainda não falo de geografia.

Ouça uma ótima música e assista a um clipe, no mínimo, interessante. Way back home, do Bag Raiders. :*

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